Hierarquia Profissional da Parentalidade

Bem-vindos ao fascinante mundo onde a hierarquia profissional parece transcender as paredes do escritório e entra no território sagrado da parentalidade.

Neste episódio emocionante, testemunhamos a magia masculina de transformar o cuidado parental numa competição de cargos empresariais.

Ah, a magia da dedução masculina, uma habilidade quase sobrenatural que permite aos homens identificar rapidamente quem deve assumir o papel de enfermeira-chefe quando os pequenos estão doentes. E, claro, a resposta está escrita nas estrelas ou talvez apenas nos manuais ultrapassados de "como ser um pai tradicional".

Numa comédia irónica de equívocos, a mulher, que por vezes até ganha mais, acaba por ser escolhida como a designada oficial para cuidar dos filhotes adoentados. É como se os homens tivessem uma bússola interna que automaticamente aponta na direção da mãe quando os termómetros começam a subir.

Então, imaginem a seguinte cena: a criança está doente e é hora de decidir quem será o herói ou heroína que enfrentará as maravilhas do "Dia do Filho Doente". E, a dedução masculina entra em ação, das duas uma - É lógico que é a mãe quem deve ficar com as crianças, afinal de contas é quem eles querem quando estão doentes. - ou existe um género de entendimento silencioso com o qual a mãe não concordou - Que chatice, tens que adiar muitas coisas? - e é isto.

É como se a escala de importância das profissões estivesse impressa no manual da relação, com a carreira do homem a ocupar sempre o primeiro lugar do pódio, só porque ele acredita que o seu trabalho é mais crucial.

Nada como a lógica infalível de que, se ela é uma super profissional, a experiência em acalmar crianças febris e dar os xaropes é miraculosamente superior à dele.

E lá vai ela, vestida com seu uniforme de super-mãe, enquanto o homem se despede com um "Boa sorte, querida!" - como se cuidar de um filho doente fosse uma missão secundária, uma tarefa menor que certamente não pode competir com a grandiosidade da sua profissão.

E o que dizer da lógica brilhante de que o salário é diretamente proporcional à importância do trabalho? Parece que a dedução masculina não inclui uma aula básica de economia doméstica.

Afinal, a mulher pode ser uma CEO poderosa com a sua carreira de sucesso, mas em casa, ela de repente torna-se a estagiária no ranking hierárquico da parentalidade.

Numa reviravolta digna de uma comédia, assistimos ao espetáculo de homens que, mesmo na era do empoderamento feminino, ainda acreditam que os seus trabalhos são as peças-chave da engrenagem da sociedade, enquanto o trabalho das mulheres é apenas um "bónus" que pode ser ajustado conforme a conveniência.

E assim, o teatro da parentalidade continua, com homens que aplicam a sua dedução mágica para garantir que o trono da importância profissional permaneça inabalável, mesmo quando enfrentam os desafios do "Dia do Filho Doente". É, sem dúvida, uma obra-prima de ilusões onde o protagonista masculino é sempre o CEO, independentemente da realidade salarial ou das febres infantis.

É, sem dúvida, um conto moderno de equívocos que tem um enredo clichê que precisa de uma boa revisão.

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